20-03-2022
Em 20 de Março de 2022 realizou-se, no Seminário das Missões de Cucujães, uma sessão comemorativa dos 40 anos do martírio do Padre Manuel Armindo Lima. Que o Senhor da Messe lhe conceda o merecido prémio da dádiva de sua vida no campo da Missão.
Convivemos, rezamos, estudamos e brincamos em conjunto durante sete anos nos seminários de Cernache do Bonjardim e Cucujães. Foi sempre um companheiro dedicado e atento. Criava harmonia entre todos, mesmo no futebol, quando as divergências de opinião apareciam. Recordo-o com muito carinho e muitas saudades. Fomos e continuamos a ser Amigos: ele no seio do Pai e eu com fé na esperança de lá o encontrar.
NOTA: Nasceu em Chaviães, Melgaço em 1938. Ingressou em Tomar em 1949. Passou por Cernache do Bonjardim e Cucujães onde foi ordenado Padre. A sua primeira missão foi em Moçambique, onde com a reevolução tudo lhe foi confiscado e mais tarde proibido de regressar.
Curado dos traumas da guerra moçambicana, aceitou trabalhar nas missões de Angola, onde se travava outra guerra civil. Chegou a 29 de Novembro de 1981. Entregou-se de Alma e Coração à missão até ao seu assassinato em 3 de Fevereiro de 1982.
morto em Angola, em 3 de Fevereiro de 1982
Natural de Chaviães, MELGAÇO
Na evocação dos 50 anos de sacerdócio
Em mês dedicado às missões, a Sociedade Missionária da Boa Nova, através do seu Departamento de Animação Missionária, conduziu a cabo uma ação de animação missionária na paróquia de Gaviães, na evocação da memória dos 50 anos de vida sacerdotal do Pe. Manuel Armindo Lima, 31 deles já celebrados no céu. Como certamente nos recordamos, o Pe. Manuel Armindo Lima tombou no dia 3 de Fevereiro de 1982, em Angola, quando se deslocava com vários leigos para uma visita a uma comunidade na paróquia de Viana. Como S. Paulo, também o Pe. Manuel Armindo Lima combateu o bom combate pois a fé em Cristo remete-nos quer no anúncio quer na vivência, para uma luta interior e exterior, onde as forças do bem e do mal se degladiam na afirmação do seu poder.
A missão também pode ser lida como um verdadeiro combate. Uma missão é um lutador, um “soldado” colocado na linha da frente da missão da igreja, linha que cruza fronteiras não só geográficas. É uma espécie de terra de ninguém que urge desbravar, lançando à terra sementes do evangelho. Por natureza e pela sua dinâmica, todo o compromisso deveria ser um passo à frente na caminhada e na vontade em cruzar tudo o que possa restringir sua ação pastoral. Este passo à frente deve significar um olhar novo e sempre marcado pela esperança. Foi assim a vida do Pe. Lima. Sempre um passo à frente! Não porque buscava uma glória ou superioridade pessoal, mas porque na vanguarda da missão tinha consciência de sua vocação radical: servir. Assim aconteceu nos anos que viveu em Moçambique, nos anos de dedicação ao ensino e formação em Portugal e nos poucos meses de presença apostólica em Angola. Homem discreto e simples, de forte piedade e sentido de serviço, disponível e desprendido. Sua humildade o fez exaltar com o martírio. Eis o retrato de alguém que partiu para Deus aos 44 anos de vida, 19 de sacerdócio e 13 de vida missionária. Também aqui um passo à frente na vivência da santidade e do martírio.