D. António Barroso

Boletins

Boletim nº. 41

Por Amadeu Gomes de Araújo

Sobre a originalidade do pensamento e da obra do insigne bispo missionário, o cónego Alcântara Guerreiro, também missionário e historiador, escreve que «o valor da sua obra reside no espírito reformador que a anima». E o Comissário Régio, António Enes. laico e insuspeito, que trabalhou de perto com o Prelado na distante colónia do Índico, corrobora  esta opinião: o bispo Barroso é mestre de missionários porque não se limitou a repetir fórmulas, procurou caminhos novos. Soube aliar a acção à reflexão.


O MISSIONÁRIO ANTÓNIO BARROSO
E A JUVENTUDE AFRICANA (2)

Por Amadeu Gomes de Araújo 

António Lourenço Farinha, que foi missionário em Moçambique e historiador,
refere-se a D. António Barroso como «o maior de todos os missionários
modernos». E o académico e missiólogo António Brásio, investigador da história missionária portuguesa, enaltece deste modo o seu contributo para a
evangelização: «Agitou ideias, combateu, discutiu, agiu, estudou, reagiu (…) Barroso é único entre os missionários portugueses do seu tempo»…


O MISSIONÁRIO ANTÓNIO BARROSO
E A JUVENTUDE AFRICANA (1)

Por Amadeu Gomes de Araújo

Uma das áreas a que o espírito reformador de D. António Barroso prestou cuidada atenção, foi à juventude. Como padre, em Angola/Congo, e, depois, como bispo, em Moçambique e em Meliapor, deu prioridade ao ensino e à formação dos jovens. Assumiu o ensino como base para a acção evangelizadora. Inovador, sonhador, entendia o ensino como um dos direitos básicos do homem e, por isso, se empenhou tanto na instrução do povo, prestando particular atenção aos jovens. As primeiras escolas femininas de Moçambique nasceram da sua iniciativa, como adiante de informa…


D. António Barroso e o potencial incremento de Remelhe

…Pelo seu significado e projeção, começamos por relembrar que a 31 agosto de 2018 assinalou-se o Centenário de Morte de D. António Barroso, havendo por parte das entidades religiosas, entidades políticas, associações várias e população em geral (principalmente os remelhenses) empenho e esmero em assinalar a data…

(Por Maria Isabel Lobarinhas Limpo Trigueiros. Professora. Mestre em Património e Turismo Cultural)

Amigos incondicionais – D. António Barroso e D. Henrique Reed da Silva

…António Barroso está, já há oito anos, no norte do território angolano, sem ver a família, sem sentir o cheiro da sua terra, quando, a 28 de Maio de 1888, escreve à sua comadre, Helena Reed da Silva(1). Anuncia-lhe a sua provável ida à metrópole e acusa a falta de notícias do seu amigo Henrique. Helena responde-lhe meses depois, no dia 5 de Agosto…

(Por Margarida Pogarell, professora e escritora)


Neste Boletim é-nos apresentada uma visita pastoral de DF. António Barroso feita em 1902 enquanto Bispo do Porto. Paralelamente é-nos relatado pelo Padre Manuel Vilas Boas outra visita feita ao Túmulo de D. António Barroso por D. José Cordeiro, actual Arcebispo de Braga.


Precisamos todos, nós em especial, barcelenses, de falar e de dar a conhecer esta figura nascida nas nossas terras e esta personalidade ímpar forjada nos campos de Remelhe. Precisamos, sobretudo, de imitar a sua verticalidade de carácter, o seu amor à causa dos pobres, que gerou instituições de serviço ainda hoje activas, o seu cultivo da presença do Divino ainda hoje activas, o seu cultivo da presença do Divino na sua vida, que alimentava na oração e na Palavra anunciada e meditada.

(Mons. Abílio Cardoso, Pároco de Barcelos) 25/5/22)


 

Além de outras notícias, temos dois testemunhos que fazem ligação do actual Arcebispo de Braga e D. António Barroso, missionário em Angola (P.e Augusto Farias); e outro de P.e Manuel Vilas Boas sobre D. Manuel Linda, Bispo do Porto e o bispo missionário D. António Barroso, que foi também Bispo do Porto.

 

Apresenta e lembra acontecimentos diversos sobre a vida de D. António Barroso e faz um convite a todos os Amigos a participar na sessão pública, que será  presidida por D. Manuel Linda, bispo do Porto, e decorrerá no dia 29 de novembro de 2021, às 21h00, no Auditório do Paço Episcopal do Porto para apresentação de dois livros sobre D. António Barroso.Apresenta e lembra acontecimentos diversos sobre a vida de D. António Barroso e faz um convite a todos os Amigos a participar na sessão pública, que será  presidida por D. Manuel Linda, bispo do Porto, e decorrerá no dia 29 de novembro de 2021, às 21h00, no Auditório do Paço Episcopal do Porto para apresentação de dois livros sobre D. António Barroso.


Neste Boletim XXXIII de Abril e Maio de 20121, destacamos o Trabalho sobre Remelhe e a Pneumónica de 1918 realizado por António Júlio Limpo Trigueiros, Padre Jesuita que, além de outras ocupações, é Director da revista “Brotéria” desde 2017.

 

 


OS JESUÍTAS NO COLÉGIO DAS MISSÕES ULTRAMARINAS (1861 - 1871)

(Nota: Para quem gosta de saber aqui publicamos um texto muito interessante sobre o papel dos Jesuitas no seminário de Cernache do Bonjardim, datado de 7 de Maio de 2021 e que foi publicado na revista “Brotéria”,  de Amadeu Araújo.)

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É reduzida a bibliografia sobre o secular Colégio das Missões Ultramarinas, criado por Sá da Bandeira em 1856, e também não abundam estudos sobre o regresso dos jesuítas a Portugal depois da expulsão de 1834. Começaremos, assim, por alguns apontamentos sobre estes temas, partindo depois para um olhar sobre o trabalho desenvolvido pelos jesuítas no ensino em Portugal. A concluir, vamos ater-nos ao assunto em epígrafe: a actividade da Companhia de Jesus no Colégio das Missões Ultramarinas de Cernache do Bonjardim – matéria que até hoje não foi objecto de qualquer estudo publicado.

I – O COLÉGIO DAS MISSÕES ULTRAMARINAS

(vulgo Real Colégio das Missões)

Vem de longe a história do Seminário/Colégio localizado na incógnita vila de Cernache do Bonjardim, concelho da Sertã.   

Foi a construção do Paço do Bom Jardim – estância de Verão para o Priorado do Crato, da Ordem Militar de Malta [1] – que trouxe alguma notoriedade a esta pequena povoação do pinhal interior, desmembrada da Sertã entre 1552 e 1554. Quando o Príncipe regente e futuro rei de Portugal D. João VI era Grão-Prior do Crato, determinou, por decreto de 10 de Março de 1791, que o seu Provisor e Vigário Geral criasse um seminário para formar o clero necessário às igrejas do Grão-Priorado, nas terras da Sertã. O local escolhido para o seminário foi então o Paço do Bom Jardim, e a sua direcção foi confiada aos Padres da Congregação da Missão, por terem alguma experiência de missões nas terras do Grão-Priorado e porque o Provedor, Manuel Joaquim da Silva, que fora Cónego da Sé patriarcal de Lisboa, tinha diversos familiares religiosos na referida Congregação, incluindo um irmão que era bispo de Macau.

As aulas começaram logo em 25 de Outubro daquele ano de 1791, ainda em casas particulares. A construção do edifício começou em 1792, e em 1796, uma parte já estava pronta a ser habitada, tendo os custos sido suportados pelo Priorado, pelo Infantado e pela Coroa. Com a morte de D. Manuel Joaquim da Silva, em 18 de Maio de 1808, as obras foram suspensas, ficando a meio o plano inicial. Só seriam concluídas sessenta anos mais tarde, em 1868, já integradas noutro projecto, como adiante veremos.

A direcção do seminário, dedicado a São João Baptista, continuou entregue aos Padres da Congregação de São Vicente de Paulo. Gozando de bom nome quer pelo plano de estudos [2] quer pela disciplina, continuaram a trabalhar afincadamente na formação de algumas dezenas de jovens. O primeiro Superior, desde a fundação, foi o Padre Mestre Manuel Francisco de Paula Troyano, depois substituído, em 1811, pelo Padre Manuel Lopes da Mata. Em 1815, o Superior era o Padre Joaquim Pereira Monteiro, substituído pelo Padre José Vicente Baptista, em 1818. Em 1825, era Superior o Padre José Bruno Lopes Carreira, e em 1829, o Padre João Manuel Rodrigues Bacelar. As despesas eram avultadas.[3] Como informa Cândido Teixeira, o seminário chegou a ser frequentado por 300 alunos «e era progressiva a sua frequência, por ser convidada pela regularidade dos estudos, salubridade sem igual do local, commodidade do alimento e habitação, e pela centralidade da situação, contando alunos de todas as províncias do reino e do Brasil».[4]

Entretanto, os Padres da Congregação da Missão resolveram, logo de início, e por sua iniciativa, alargar o âmbito do seu trabalho, passando a acolher também candidatos para as Missões da China, que bem conheciam, porque vinham desenvolvendo uma significativa actividade no «País do Meio». Foi um momento marcante, decisivo na história da prestigiada instituição cernachense. Começou então a pulsar no seminário do Bonjardim a dimensão missionária que marcaria o futuro daquela Casa. E foi assim que desabrochou em Portugal o carisma da missionaridade do clero não religioso. Até então, todos os missionários portugueses eram religiosos.

Com este objectivo preciso de incentivar o apoio às Missões na China, o Príncipe D. João, por carta régia de 13 de Fevereiro de 1800, atribuiu ao seminário a renda anual de 600$000 réis, dos doze contos testamentados para apoio às Missões, pela esposa de D. João V, D. Maria Ana de Áustria, falecida em 1754.

Os anos difíceis que se viveram em Portugal no início do século XIX, com as invasões francesas e, depois, com uma série de revoluções em cadeia e com a decisão drástica de Joaquim António de Aguiar, não foram propícios ao desenvolvimento do projecto China. Contudo, é importante assinalar esta decisão da abertura do Seminário de Cernache à dimensão missionária, que só receberia consagração oficial em 1856, mas que se manteve até aos nossos dias.[5] Uma decisão inovadora em Portugal, porquanto, até àquela data, apenas se verificara uma experiência idêntica em França, com a fundação do Seminário das Missões Estrangeiras de Paris, para formar clero missionário para as missões dependentes da Propaganda Fide [6]– Congregação para a Evangelização dos Povos.

Dirigido pelos Vicentinos, o seminário de Cernache era, como escrevemos, uma instituição nacional de referência. Em 1834 gozava de muito prestígio: «Do Império do Brasil vinham estudar aqui os preparatórios para a Universidade muitos alunos, alguns dos quais, ainda em 1854 ocupavam os primeiros lugares do Império».[7]

Entretanto, sopraram ventos de mudança, e o seminário de Cernache do Bonjardim, apesar do prestígio de que gozava, foi encerrado, em 30 de Maio de 1834. A medida revolucionária de Joaquim António de Aguiar visava as Ordens Religiosas, e o seminário de Cernache preparava clero secular, mas, porque era dirigido por clérigos regulares, não escapou ao vendaval liberalista.

À drástica decisão de 1834, seguiu-se o abandono e a deterioração das instalações, e a sorte das Missões ainda foi pior.[8]

Ao longo das quatro décadas da sua curta existência, haviam passado pela instituição algumas centenas de alunos e ali se haviam formado duas dezenas de sacerdotes, alguns dos quais acabaram por ingressar na Congregação dos Vicentinos, seus formadores. Dos alunos da última geração, destacam-se dois que, mais tarde, vieram a desempenhar um papel importante, quando, naquelas instalações, abriu, duas décadas depois, o primeiro seminário português exclusivamente destinado à formação de missionários para as Missões: D. Jerónimo da Mata e D. João Maria Pimentel.

Jerónimo José da Mata entretanto ingressara nos Lazaristas e partira para Macau, concluindo os estudos no seminário local e indo ordenar-se a Manila, em 1829. Foi o primeiro bispo de Macau (1845-1862), que foi aluno daquele Seminário.(2) Em 22 de Janeiro de 1837, quando já se faziam sentir no Oriente os efeitos da decisão de 1834, D. Jerónimo regressou à metrópole, para pedir ao governo que acudisse às Missões da China e restabelecesse o seminário, publicando sobre o assunto uma “Memória oferecida aos senhores deputados da nação portuguesa”. Há que realçar também o trabalho persistente dum português mandarim, D. Veríssimo Monteiro da Serra, uma das pessoas compulsivamente chamadas ao Reino. Era outro ilustre missionário da China, também Vicentino. Bispo eleito de Pequim, mas nunca confirmado no lugar, aproveitou a chamada ao Reino para dar a conhecer ao governo português o estado calamitoso a que haviam chegado as Missões no Oriente. Tentou também sensibilizar os governantes para o interesse que havia em mantê-las. D. Veríssimo, de 67 anos, que passara 28 em trabalhos apostólicos, entre Macau e Pequim, era uma figura de muito prestígio no Oriente. A residir na China há muitos anos, ali adquirira a categoria de mandarim e ascendera ao invejável posto de vice-presidente do Tribunal das Matemáticas. Tendo sido extinta também a Missão jesuíta de Pequim, trouxe recursos do fundo daquela Missão e, com eles, adquiriu «uma casa nobre e correspondente cerca» no Bombarral, terra da sua naturalidade, e que doou ao Estado, solicitando autorização para a transformar num pequeno Colégio orientado para as Missões da China. Com o fundo que trouxera e com o fundo de D. Maria Ana de Áustria, testamentado para o mesmo fim, propunha-se preparar um número limitado, mas bem seleccionado de padres para a China. Concretamente, solicitou ao governo a criação de um Seminário das Missões, usando os fundos das Missões da China, administrados em Macau, e disponibilizou-se para leccionar a língua chinesa e para outras tarefas ao seu alcance. A Igreja e alguns políticos conscientes da situação, empenhavam-se em encontrar uma solução alternativa, e a de D. Veríssimo, mereceu o apoio do Secretário de Estado, José Joaquim Falcão. O governo acabou, assim, por aceitar a ideia e, em 21 de Maio de 1844, concedeu um subsídio de 1.200$000 réis anuais, dos fundos das Missões da China, para o novo seminário entretanto aberto na casa do Bombarral, e que funcionou sob a direcção de D. Veríssimo, até à sua morte, em 9 de Outubro de 1852. No decreto de 21 de Maio de 1844, a que fizemos referência, aludia-se à carta régia do Príncipe D. João, de 1800, que dera início às Missões da China, em Cernache. Em 2 de Fevereiro de 1846, deu ali entrada o primeiro aluno, que, por falta de condições e de corpo docente adequado, se preparava para abandonar, quando, um mês depois, em 14 de Março, ali se apresentou outro aluno, Luís Bernardino da Natividade. Será este a dar forma ao projecto que o grande bispo da China se mostrou incapaz de desenvolver, sobretudo devido à idade. Luís Bernardino da Natividade recebera o hábito de São Francisco no convento da Falperra e devido à extinção das Ordens religiosas veio completar no Colégio do Bombarral as necessárias habilitações, com a intenção de partir para o Oriente. Ordenado em 1849, recebeu de D. Veríssimo procuração para lidar com todos os negócios relativos ao projecto China. Herdeiro do sonho do velho mandarim, foi quem primeiro se preocupou com o reduzido espaço das instalações. Pensou em melhorar os métodos de recrutamento e cuidou de elaborar novos estatutos para a instituição, que, entretanto, fechara provisoriamente. De facto, após o falecimento de D. Veríssimo, em Outubro de 1852, o ministério da Marinha e do Ultramar suspendeu as actividades da nova instituição e, por portaria de 17 de Novembro daquele ano, encarregou o Pe. Luís da Natividade de a reformar. Por falta de estatutos adequados e devido à indefinição em que nascera, o Colégio era conhecido e referenciado tanto na imprensa como em documentos oficiais, com designações tão diferentes como Colégio das Missões da China, Colégio da Missão Portuguesa, Real Colégio do Bombarral e Colégio de São José do Bombarral. Concluídos os estatutos, as actividades foram retomadas no ano seguinte, em 13 de Novembro de 1853, sob a direcção do Pe. Luís Bernardino da Natividade. O Colégio de São José do Bombarral reabriu então com novos professores e com mais alunos vindos do Norte e de Espanha, através de contactos do Pe. Natividade. Já antes, dada a insuficiência do espaço das instalações do Bombarral, este procurara desdobrar o Colégio. Pedira e obtivera do governo a parte superior do extinto Recolhimento do Amparo, no Bairro da Mouraria, para abrir uma sucursal em Lisboa. A portaria desta concessão tem a data de 27 de Novembro de 1850, mas não resolveu a questão do espaço. D. Veríssimo manteve-se ali até 9 de Outubro de 1852, data em que faleceu. Alegando a insuficiência das instalações e a sua má localização, o Pe. Natividade, com a aprovação do Conselho Ultramarino, requereu outras ao governo. Com o apoio de alguns Governadores civis e de elementos do Ministério da Marinha e do Ultramar, passou a procurar pelo país um espaço amplo que pudesse ser adaptado para casa de formação de missionários para a China. Diversas soluções foram tentadas, como o Convento de Brancanes, perto de Setúbal, proposto por Almeida Garrett, mas que se revelou inviável, pela recusa do proprietário em cedê-lo. Houve quem se lembrasse de Mafra, Tomar, ou Barro, perto de Torres Vedras, e de outras hipóteses, no norte do país. Acabou por se optar pelo antigo Seminário do Grão-Priorado do Crato, em Cernache do Bonjardim, que não estava totalmente abandonado porque ali se ministravam algumas aulas de primeiras letras. A hipótese de Cernache já tinha sido referida numa proposta inicial, apresentada por Sá da Bandeira, em 1851, para que se criasse um seminário para a educação de eclesiásticos, destinados às Missões, proposta que se vinha arrastando no Conselho Ultramarino, havia mais de quatro anos. O Pe. Luiz da Natividade, acabou por visitar Cernache e, agradado com o que viu, oficiou ao governo, em 5 de Março de 1855, solicitando autorização para ali instalar o Colégio que estava no Bombarral. Também com esse objectivo, organizou uma pequena campanha junto da imprensa e mobilizou as chamadas forças vivas da região, no sentido de apoiarem a reabertura daquele espaço como seminário. Um projecto ia renascer das cinzas. Por decreto de 2 de Agosto de 1855 mandou o governo, pela Secretaria de Estado dos Negócios da Fazenda, pôr à disposição do Ministério da Marinha, o edifício do extinto seminário de Cernache, e por decreto de 15 de Setembro do mesmo ano, o governo disponibilizou a casa para o projecto apresentado pelo Pe. Natividade, que dela tomou posse no dia 5 de Outubro de 1855. Vieram imediatamente do Bombarral, 14 escolares e dois padres, além do director, Pe. Natividade, coadjuvado por Frei João Baptista de Jesus, que, entretanto, tomou a direcção interina da Casa. Durante dois meses, largaram os estudos para tornarem habitável aquele espaço, então em decadência, no que foram apoiados pela população da zona, que acorreu em massa. Após alguns melhoramentos indispensáveis, fez-se a transferência e, ainda naquele ano de 1855, em 8 de Dezembro, o seminário foi solenemente reaberto, com enorme regozijo dos cernachenses, que se prontificaram a colaborar nas reparações de que ainda carecia, após tantos anos de abandono. As obras de fundo foram feitas ao longo dos 14 anos que se seguiram. (3) Foi deste modo que o antigo Seminário do Grão-Priorado do Crato, em Cernache do Bonjardim, absorveu o Colégio das Missões da China, do Bombarral, e se tornou numa espécie de Seminário Nacional das Missões, destinado a formar missionários do clero secular para todo o Padroado Português da África e do Oriente. É de 12 de Agosto de 1856 a Carta de lei pela qual Sá da Bandeira instituiu o Colégio das Missões Ultramarinas, vulgarmente conhecido como Real Colégio das Missões, que viria a ser extinto pela República em 1911. Visava «a educação e instrução do Clero e a preparação de missionários para as Dioceses e Missões do Real Padroado na Ásia, África e Oceânia». O Superior seria escolhido pelo governo, ouvido o Conselho Ultramarino. Era o dealbar de uma nova era da missionação em Portugal. E é nesta fase da vida da instituição que os jesuítas, regressados a Portugal após a expulsão por Joaquim António de Aguiar, foram chamados a colaborar.

II – O REGRESSO DOS JESUÍTAS A PORTUGAL, APÓS A EXPULSÃO DE 1834

É usual dividir-se a presença dos jesuítas no nosso país em quatro períodos. O primeiro, desde a chegada a Portugal, em 1540, por iniciativa do rei D. João III, até à  expulsão pelo Marquês de Pombal, em 1759. O segundo, muito curto, vai do retorno a Portugal, em 1829, até 1834, ano em que foram de novo expulsos, agora pelo regime liberal, que forçou a sua partida para Itália. Carlos João Rademaker [9] foi o principal impulsionador do novo regresso, dando início a um terceiro período, de grande actividade, que vai de 1848 até à terceira expulsão, em Outubro de 1910, pela República. O último período vai do exílio imposto pelo governo republicano até à actualidade.

A primeira fase teve então início nos anos heroicos de quinhentos. Diogo de Gouveia, também conhecido como Diogo de Gouveia o Velho – destacado diplomata, humanista, teólogo e pedagogo que foi reitor da Universidade de Paris – aconselhou D. João III a convidar os jesuítas por considerá-los capazes de “converter” a Índia.

Inácio de Loiola, em 1539, dirigiu ao Papa Paulo III a designada Formula Instituti, contendo as ideias fundamentais da instituição que desejava fundar, e que viria a ser confirmada pelo mesmo Pontífice, em 27 de Setembro de 1540, sob a designação de Companhia de Jesus.[10] A pregação, o ensino e a caridade constituíam as principais armas com que a Companhia se propunha conquistar filhos para a Igreja que então atravessava tempos conturbados devido à Reforma Protestante.

Acedendo ao convite de D. João III, Inácio de Loiola, em 1540, ano em que a Ordem foi criada, enviou para Portugal dois dos seus companheiros fundadores: o navarro Francisco Xavier e o português Simão Rodrigues. O primeiro partiu logo no ano seguinte para a Índia, enquanto Simão Rodrigues ficou com a incumbência de criar a Província de Portugal – a primeira Província da Ordem.

A primeira casa própria que a instituição teve em Portugal, e no mundo, foi o convento de Santo Antão, fundado em 5 de Janeiro de 1542. Em 2 de Julho do mesmo ano, foi fundado o Colégio de Jesus em Coimbra, com o objectivo de dar formação a candidatos à OrdemGraças aos apoios que recebeu da família real e de outros benfeitores, a Ordem cresceu e desenvolveu-se, afirmando-se cedo e depressa na sociedade portuguesa. Prova deste dinamismo, foi a inauguração, em 1553, do primeiro colégio jesuíta para ministrar aulas públicas, em Lisboa: o Colégio de Santo Antão.

A actividade missionária continuou, contudo, a ser uma das prioridades. Francisco Xavier desembarcou em Goa, em 1542, com dois companheiros, percorreu várias regiões da Índia, esteve em Malaca e nas Molucas, chegou ao Japão em 1549 e faleceu às portas da China, em 1552. Apesar deste aparente contratempo, o ânimo missionário dos jesuítas não esmoreceu e levou-os nos anos seguintes a Macau, à China, a Bengala, à Cochinchina, ao Camboja, ao Tibete, ao Laos… Em África, trabalharam no Congo, em Angola, na Etiópia, em Cabo Verde, na Guiné, na Serra Leoa e em Moçambique. Para o Brasil, a primeira leva de missionários partiu em 1549 e numerosas outras se seguiram.

Este afã educativo e este dinamismo missionário foram bruscamente interrompidos por decisão do Marquês de Pombal, em 1759, ao decretar a expulsão dos jesuítas de todos os territórios portugueses. Só regressaram a Portugal em 1829, e por um curto período de tempo. Foi naquele ano, e por intermédio do rei D. Miguel, que um grupo de oito jesuítas liderado pelo belga Filipe José Delvaux entrou em Portugal. Estabeleceram-se em Lisboa, onde abriram um noviciado e iniciaram actividades de apostolado junto da população. D. Miguel ainda lhes “devolveu” o Colégio das Artes, em Coimbra, em 1832, mas, devido à guerra civil, as aulas só se iniciaram em 1833, para logo acabarem abruptamente no ano seguinte, quando o exército liberal ocupou aquela cidade. Detidos e escoltados até Lisboa, os discípulos de Santo Inácio, em número de 24, ficaram presos no forte de S. Julião da Barra, em Oeiras, até serem expulsos para Itália.

O terceiro período da presença dos jesuítas em Portugal iniciou-se na década seguinte, em 1848, e, como principal responsável, teve Carlos João Rademaker. Foi ele, de facto, o restaurador da Província portuguesa da Ordem. Com a colaboração de dois outros jesuítas, um português e um espanhol, em 1858 deu início ao Colégio de Campolide, [11] e, com o apoio de outros membros da Ordem que, entretanto chegaram de fora, sobretudo da Itália, abriu-se um noviciado no Barro, Torres Vedras, em 1860.[12] Entre 1861 e 1871, colaboraram activamente na formação dos alunos do Colégio das Missões Ultramarinas, de Cernache do Bonjardim. Em 1863, tomaram conta do Orfanato de S. Fiel, em Louriçal do Campo, Castelo Branco, transformando-o num Colégio.

Com tão grande crescimento, ainda no ano de 1863, foi constituída oficialmente a Missão Portuguesa que teve como primeiro superior Francisco Xavier Fulconis, italiano. No início dos anos oitenta, três décadas depois da chegada, a Missão Portuguesa contava já 9 comunidades, com 137 membros, estando assim reunidas as condições para que pudesse ser restaurada a Província de Portugal da Companhia de Jesus.[13]

Foi nesta fase que, como referimos e mais detalhadamente adiante veremos, a Companhia colaborou no arranque do Colégio das Missões Ultramarinas, que entretanto renascera das cinzas e atravessava uma fase crítica.

III – OS JESUÍTAS E O ENSINO EM PORTUGAL

A pregação, o ensino e a caridade constituíam, como escrevemos, os três pilares da Companhia de Jesus, e a expansão missionária era o grande objectivo dos seus activos e zelosos membros. Porém, ainda em vida de Inácio de Loiola, valorizou-se o ensino como via importante para o apostolado e como forma de combater a influência da Reforma Protestante, travando o avanço que luteranos e calvinistas vinham adquirindo na área da educação, graças a pedagogos inovadores como Philipp Melanchton (1497-1560) e Sturm (1507-1589.

O primeiro colégio dedicado ao ensino, ainda que voltado exclusivamente para a instrução e formação dos membros da Ordem, como também se referiu, foi o Colégio de Jesus em Coimbra, fundado em 2 de Julho de 1542.[14]

Em 1553, em Fevereiro, o convento de Santo Antão transformou-se na primeira escola pública dos jesuítas em Portugal, e passou a designar-se Colégio de Santo Antão. Contou, desde o início, com enorme afluência de alunos, levando ao seu alargamento, em 1579, ano em que começou a ser construído o Colégio de Santo Antão o Novo, que iniciou actividades lectivas em 1590.[15]

Em 1551 foi fundado o colégio do Espírito Santo, em Évora, e também confiado à Companhia de Jesus. Ali começou a ser ministrado ensino público, em 28 de Agosto de 1553. Este colégio veio depois a dar origem à Universidade de Évora, criada por bula papal em Abril de 1559 e inaugurada a 1 de Novembro.

Não havendo ainda ensino público jesuíta em Coimbra, a Ordem pressionou a corte do rei D. João III para assumir a direcção do Colégio das Artes, que fora fundado por André Gouveia, por ordem do mesmo rei, e que detinha o monopólio do ensino público naquela cidade.[16] Esta prestigiada instituição, que estava sob a tutela da Universidade, em Setembro de 1555 foi entregue ao Padre Diogo Mirão, Provincial da Companhia de Jesus.

Desde estes anos iniciais e até à expulsão, em 1759, a Companhia de Jesus alargou progressivamente a sua actividade e influência na área do ensino em Portugal e no mundo, incluindo o Brasil, a Índia, a China e o Japão. [17]

Em Portugal a expansão prosseguiu com a administração da Casa Professa de S. Roque, em Lisboa, em 1553, dos colégios de Braga e do Porto, em 1560, de Bragança, em 1562, do Funchal e de Angra, em 1570, de Ponta Delgada, em 1591, de Faro, em 1599, de Portalegre, em 1605, de Santarém, em 1621, de Elvas, em 1644, da ilha do Faial, em 1652, de Setúbal, em 1655, de Portimão, em 1660, de Beja, em 1670, e de Gouveia, em 1739. Assim, na primeira metade do século XVIII, o ensino em Portugal estava quase totalmente na dependência da Companhia. Embora esta não se dedicasse exclusivamente à educação, chegou a deter cerca de 30 estabelecimentos de ensino que formavam a única rede escolar da época.[18] Este quase monopólio contribuiu para que se tenha gerado um movimento de rejeição, aí pelo meio do século XVIII. Toda a obra educativa que os inacianos vinham desenvolvendo foi fortemente contestada, os mestres foram acusados de desactualização científica e, num contexto de insinuações e intriga, envolvendo algum confronto com os Oratorianos[19], a Ordem foi extinta.

Há, porém, que registar uma palavra de apreço pelo trabalho desenvolvido pelos jesuítas na área do ensino. Recorda-se, como exemplo, que no Colégio de Santo Antão em Lisboa, funcionou entre 1590 e 1759 uma escola de matemática, conhecida como a Aula da Esfera, servida por alguns professores estrangeiros notáveis que trouxeram para Portugal e, indirectamente, para diversos lugares do império, alguns bem remotos, as técnicas de observação astronómica introduzidas por Galileu, alargando assim a Revolução Científica à escala global. “O Observatório Astronómico e o Tribunal da Matemática na corte imperial chinesa foram o expoente dessa acção”, como afirmam Carlos Fiolhais e José Eduardo Franco. A extinção da Ordem acabou por deixar um vazio no sistema de ensino que a Reforma Pombalina da Universidade de Coimbra e outras medidas apressadamente tomadas, só em parte conseguiram colmatar. [20]

Após a expulsão imposta pelo Marquês de Pombal, os pacientes e resilientes filhos de Santo Inácio regressaram em 1829, e logo em 1834 foram de novo expulsos, agora pelo regime liberal. E é no segundo regresso a Portugal, iniciado em 1848, que são convidados para assumir a direcção, a coordenação dos estudos e a disciplina interna do Colégio das Missões Ultramarinas

IV – OS JESUITAS NO COLÉGIO DAS MISSÕES ULTRAMARINAS

Já recordámos os passos que deu o Seminário do Grão-Priorado do Crato, criado em Cernache do Bonjardim, em 1791, até integrar o Colégio das Missões da China, do Bombarral, e se tornar numa espécie de Seminário Nacional das Missões, destinado a formar missionários do clero secular para todo o Padroado Português. Por Carta de lei de Sá da Bandeira, datada de 12 de Agosto de 1856, este Seminário cernachense passou a designar-se oficialmente Colégio das Missões Ultramarinas, embora tenha continuado a ser vulgarmente conhecido por Real Colégio das Missões  .

Apesar dos parcos recursos de que dispunha, em Maio de 1856 já era frequentado por 39 alunos (19 alunos internos e 20 externos). O próprio Sá da Bandeira ordenou que os alunos do Ultramar que estudavam no Seminário Patriarcal de Santarém fossem transferidos para o Colégio de Cernache.

Contudo, apesar de alguns avanços, o Colégio debateu-se, desde a sua fundação, e por mais de uma década, com vários problemas internos que derivavam da natureza mista da instituição. Era dirigido pela Igreja, mas propriedade do Estado. Houve, desde o início, algumas dificuldades de relacionamento entre os dois poderes. Ao longo da primeira década, houve seis Superiores, o que exprime bem a instabilidade que se vivia. Depois da saída do Padre Natividade como Superior, há notícias de deficiente gestão e até de «imoralidade e devassidão». Naqueles anos difíceis, de muita instabilidade, o Governo terá pensado em transferir o Colégio para o Convento de Mafra ou para o da Ordem de Cristo, em Tomar.[21]

Em resultado da indefinição dos primeiros anos, os resultados foram parcos, quer em termos de recrutamento, quer, naturalmente, de ordenações. Durante os primeiros dez anos, portanto até 1866, contam-se «dois únicos padres». 

Quando as nuvens se acastelavam, surgiu a figura providencial de João Maria Botelho do Amaral e Pimentel, capaz de ajudar a desgovernada instituição a sair da crise e a reavivar o carisma missionário. Este notável Superior – uma figura central para a história, quer da instituição quer do trabalho que os jesuítas ali desenvolveram- dirigiu o Colégio, desde 4 de Julho de 1865 a 28 de Julho de 1872.

Era aluno do Seminário do Grão-Priorado do Crato, quando este foi encerrado compulsivamente em 1834, [22] e foi sob o seu governo que a Casa que frequentara três décadas antes, com outra designação, foi ampliada e concluída. [23]Paralelamente, cuidou de desenvolver o plano de estudos, e prestou atenção à disciplina interna, para o que contou com a preciosa colaboração dos jesuítas, como agora mais detalhadamente veremos.

Quando ali chegou, para assumir a direcção, esta estava a cargo do Padre Francisco Xavier de Miranda s. j., que foi Superior do Colégio, de 1862 a 1865. Também a coordenação dos estudos e a disciplina interna estavam a cargo dos Padres da Companhia de Jesus, entretanto regressados do exílio. Haviam sido chamados em 1861 e lá se mantiveram por uma década. Ao longo destes anos, colaboraram activamente na preparação dos seminaristas, tendo a seu cargo os estudos e a disciplina, e sendo também responsáveis, durante algum tempo, pela direcção espiritual, «mas afastaram-se por discordância com o sistema».[24]

O autor desta informação sobre o trabalho dos jesuítas no Colégio das Missões Ultramarinas, é o Pe. Manuel Castro Afonso, ex-Superior Geral da Sociedade Missionária da Boa Nova, instituição na qual se integra o agora designado Seminário das Missões de Cernache do Bonjardim. Para confirmar a informação, disponibilizou-nos alguns apontamentos redigidos pelo Pe. António Lopes, s. j., com o título “Os Jesuitas em Cernache do Bonjardim”.[25]

O sacerdote jesuíta explica que a entrada da Companhia de Jesus no Colégio das Missões Ultramarinas se efectuou em Junho de 1861, numa altura em que o jornalista e escritor Carlos José Caldeira, irmão de José Maria Caldeira do Casal Ribeiro, político que chefiou diversos ministérios, se apresentou ao P. Rademaker, manifestando-lhe que o Governo tinha interesse em que fossem enviados Padres da Companhia para o Seminário de Macau. O Padre Rademaker aceitou o pedido e, em resposta, o Governo «pôs à sua disposição a Casa de Sernache do Bom Jardim».

Encontrando-se então em Lisboa, vindo de Macau, o conhecido e experiente missionário António Bernardino Barroso, o Pe. Rademaker tê-lo-á proposto para superior do grupo de missionários que seguiu para Cernache, e a 10 de Agosto de 1861, foi este nomeado Superior do Real Colégio das Missões Ultramarinas. «No dia 31 de Julho de 1861 tinha entrado em Sernache o Pe. Barroso com o grupo de jovens que se estava a formar no Colégio do Barro, sob os auspícios do Pe. Rademaker. Vieram reforçar o grupo do Seminário Ultramarino. Estiveram ali os Jesuítas a professores de 1861 a 1871. O próprio Noviciado do Barro foi para ali transferido a 7 de Julho do mesmo ano, voltando logo novamente para o Barro em Julho de 1864. (Cfr. “Mensageiro do Coração de Jesus”, 1903, pp.659-663: Resumo)».

Para explicar o que se passou a partir da transferência do Noviciado do Barro para Cernache, o Pe. António Lopes junta fotocópias de dados recolhidos pelo Pe. Casimiro junto do «Diário da Casa». Ali consta, de facto, que o primeiro grupo de noviços terá partido do Barro a 7 de Julho de 1861, «dirigido pelo Pe. Matos, tendo o Pe. Meloni dado instruções, dias antes, em 2 de Julho. para se iniciar a preparação da partida».

Os primeiros meses em Cernache decorreram tranquilos, mas, logo em Janeiro de 1862, começou uma série de tribulações que vieram amargurar os dez anos que a Companhia de Jesus ali trabalhou. Tudo começou por uma denúncia feita à imprensa por um ex-noviço, António Marques Pinheiro Belo [26]. Através de O Português, de 31 daquele mês, deu a conhecer ao Governo a existência de um Noviciado a funcionar “clandestinamente” no Colégio das Missões Ultramarinas, em simultâneo com o curso oficial daquela instituição.  O Governo «fez que não ouvia e deixou correr». Esta informação parece denotar que o trabalho a realizar pelos jesuítas dentro da complicada instituição cernachense, dirigida pela Igreja mas coordenada pelo Estado, não terá sido devidamente esclarecido, clarificado, entre o Governo e a Ordem.

Entretanto, o Pe. Barroso foi substituído, por razões de saúde, pelo Pe. Francisco Xavier de Miranda, também jesuíta, mas os problemas continuaram, com uma sindicância, feita pelo Administrador do Concelho. Como consta do diário do Colégio: «vieram visitar as aulas e os professores por mando do Snr. Ministro do Reino, o Snr. Administrador, com o seu secretário e escrivão e um visitador designado pelo Govêrno». Outras visitas e inspecções se seguiram, «fazendo muitas perguntas importunas e atrevidas» que «puseram de manifesto a existência de duas comunidades em Sernache, o seminário e a casa noviciado dos Jesuítas. Para evitar o contínuo sobressalto em que punha a casa de Sernache a presença dos noviços, mandou-os o Pe. Fulconis refugiar-se novamente sob o manto da Senhora dos Anjos no Barro. A mudança efectuou-se a princípios de Julho de 1864. No Verão voltaram de Campolide os humanistas, mas conservou-se em Sernache somente esse curso».

Entretanto, «nova sindicância veio alarmar os jesuítas de Sernache, em Abril de 1865». Na sequência dela, «foi nomeado Superior do Colégio o Sr. D. João Pereira Botelho do Amaral e Pimentel», em substituição do Pe. Francisco Xavier de Miranda.

«A nomeação do Sr. D. João teve uma influência capital e por assim dizer decisiva no andamento do Seminário das Missões. (…) Porém, desde então, foi-se tornando cada vez mais palpável o estado de oscilação que logo desde o princípio se tinha notado na existência do seminário, por não poderem combinar-se os elementos do seu melhoramento, atentas as circunstâncias e a sua dependência dum Govêrno, senão sempre quási sempre desfavorável». «Não há dúvida que D. João Pimentel estimava e apreciava a acção dos jesuítas em Sernache e a ela fazia rasgados elogios em seus ofícios ao Govêrno de Lisboa. (…) Porém, o sistema que adoptou logo desde o princípio de avocar a si tudo o que dizia respeito não só à administração do seminário mas também à formação dos alunos, veio tornar cada vez mais difícil a estada dos nossos no Seminário das Missões, não tendo a liberdade de acção que seria precisa para bem formar missionários e faltando nos dirigentes aquela uniformidade de vistas e aquela harmonia de meios que era indispensável para se conjugarem todos os esforços para o mesmo fim».

«De Roma, o Pe. Geral Beckx aconselhava os seus súbditos à paciência e à longanimidade e animava-os a fazer o bem que pudessem apesar das dificuldades, na esperança de melhores tempos e na certeza de que deixar essa obra seria em grande detrimento da religião». A situação agravou-se no ano lectivo de 1870-1871, «em que havia no seminário apenas cinco jesuítas, dois Padres, um professor escolástico e dois Irmãos coadjutores». E «foi então que apareceram em maior escala as divergências entre os nossos e os seculares, escreve o Pe. José da Cruz, que então lá ensinava gramática, acabando por se formarem entre os alunos dois partidos, tomando-o por nós em geral os mais bem comportados, e pelos Padres seculares um bom número dos outros. Falava-se, discutia-se e por vezes azedavam-se os ânimos. (Cruz, Ms.44)». Por este andar, tornava-se «cada vez mais insustentável a nossa estada no seminário, onde, de mais a mais, cada vez podíamos prestar menos serviços à formação dos alunos, por se ir introduzindo uma orientação cada vez menos conforme ao nosso modo de pensar. (Cruz, 45)»

Tornava-se por isso indispensável deixar o Colégio, «e, de comum acordo com o Superior oficial se determinou, em Janeiro de 1871, que os jesuítas se retirariam ao terminar o ano lectivo (Cons. de 31-1-1871)». Esta resolução, porém, só foi tornada pública depois de o Governo ter apresentado o Senhor D. João Pimentel para a Sé de Angra. «Então declararam os jesuítas que retirando-se Sua Exc.ª sairiam também eles do Seminário».

  1. João Pimentel e o então bispo de Bragança, D. José Luís Alves Feijó, «ofereceram ainda ao Pe. Ficarelli propor a Companhia ao Ministro da Marinha para a direcção de Sernache.(Cons.3-7-1871). Como porém aceitá-la sem a necessária garantia de liberdade de movimentos, acorrentados ao Govêrno e em contínua dependência da Comissão dos Negócios Eclesiásticos do Ultramar?». «Era efectivamente esta dependência do Govêrno o maior embaraço para a Companhia poder dirigir aquela Casa: dependência para a nomeação dos professores, dependência para a nomeação dos alunos, dependência para os despedir, dependência para os distribuir pelas Missões do Ultramar depois de ordenados. E como se isto não bastasse, até para os regulamentos internos havia de haver dependência. (Cruz, 49-50)»

De facto, a dependência do Governo era total. Cândido Teixeira, na sua obra sobre o Colégio das Missões, narra um episódio que ilustra bem esta situação, e que também é referido nos apontamentos do Pe. António Lopes. Escreve o autor, também ele natural de Cernache e ex-aluno da Casa, que quando os jesuítas se retiraram, em 1871, o Colégio não dispunha ainda de Estatutos. Na Lei de 12 de Agosto de 1856, Sá da Bandeira determinava que o Superior da Casa procedesse à elaboração deste documento fundamental, e D. João Pimentel trabalhou com afinco no projecto, que enviou ao Governo no início de 1871. Foi com admiração e espanto que o zeloso Superior viu publicar «no Diário do Govêrno, de 13 de Setembro do mesmo ano, uns estatutos dados ao Collégio das Missões, contrariando em todos os aspectos essenciaes as medidas propostas pelo Superior, sem ao menos ter sido avisado d`estas alterações. Foi um grande desgosto para o Bispo»,[27]como ele próprio escreveu em carta que dirigiu ao Pe. José da Cruz s. j., ex-professor da Casa: «Estou desconsoladíssimo porque o Govêrno, quando eu menos o esperava, aprovou uns Estatutos para êste Colégio, feitos por uma Comissão dos Negócios Eclesiásticos do Ultramar, com os quais entendo que êste Colégio não pode continuar. Fiquei desanimado com êste inesperado acontecimento e desejando unicamente ver-me daqui para fora, o que teria já feito se me não lembrasse que com a minha saída sairiam todos os Padres que aqui estão; e que portanto o Colégio ficaria destruído.

Agora acabo de ver quanta razão tiveram os seus M.to R.dos P.es para se não quererem encarregar deste Estabelecimento. (Carta de Sernache, 6 de Outubro de 1871, original no Arquivo Pr.Lusit.)».

  1. João Maria Pimentel deixou a direcção do Colégio de Cernache do Bonjardim, em 28 de Julho de 1872, e deu entrada na diocese de Angra, em 25 de Agosto seguinte. Os jesuítas precederam-no um ano. Foi uma saída feita de comum acordo entre o Colégio e a Companhia.  «Nota com satisfação o Diário da Casa, que se efectuou sem quebra de caridade, ficando em amigáveis relações. (Diário de Sernache, 28 de Agôsto de 1871)».

Francisco Pereira, que foi secretário de D. João Maria Pimentel, numa interessante entrevista que concedeu ao jornal Novidades, depois transcrita em Portugal Missionário,[28] em 1929, confirma, no essencial, a versão que se acaba de expor quanto à entrada, desempenho e saída da Companhia de Jesus do Colégio das Missões Ultramarinas. Este sacerdote jesuíta, então com 93 anos e a residir em Espanha, aborda com lucidez e saudade a experiência da sua longa passagem por Cernache do Bonjardim e dá um testemunho claro sobre a entrada dos jesuítas em Cernache do Bonjardim, o seu trabalho e a sua saída. Recordando os dias distantes, afirma: «Eu fui para Sernache em companhia do grande Bispo D. João Maria do Amaral Pimentel, em 1866. (…) Íamos com ideia de ali nos demorarmos pouco tempo (…) Porque o Senhor D. João havia sido preconizado Bispo de Macau, e eu devia acompanhá-lo como seu secretário, logo que ele fosse sagrado». Explica por que razão acabaram por não ir para Macau, nem um nem outro. Elogia o trabalho de D. João enquanto Superior de Cernache, realçando porém que «esse resultado foi devido em grande parte aos seus colaboradores de então, que eram os Jesuítas». «Já lá estavam desde 1861, e o Senhor D. João tomou posse em 1866» Quem os chamou «foi o Govêrno de então, ou seja o ministro da Marinha, Conde Casal Ribeiro; e quem lhe serviu de intermediário foi um irmão dele, Carlos José Caldeira (…). José Maria Caldeira do Casal Ribeiro e o seu irmão, sabendo quanto eram precisos Missionários na China, e também que o Colégio das Missões não andava bem administrado, (…) resolveu chamar os jesuítas, por intermédio do Pe. Fonseca Matos, redactor do Mensageiro do Coração de Jesus (…) e entregou-lhes a direcção do Colégio de Sernache». Refere que os jesuítas se mantiveram em serviço durante dez anos, e sobre as relações destes com D. João Pimentel afirma que se entenderam muito bem, acrescentando: «Nos arquivos do Colégio e do Ministério da Marinha ou das Colónias, devem existir documentos, tão honrosíssimos, que eu copiava como Secretário do Sr. D. João, para os Jesuítas, em que ele os louvava rasgadamente pela boa orientação que davam ao ensino e à administração do Colégio».

Na entrevista, o veterano sacerdote jesuíta faz uma referência à emoção enorme que sentiu «à saída dos primeiros Missionários – e grandes Missionários foram eles, D. João Gomes Ferreira, D. António Joaquim de Medeiros, D. António Barroso, etc., que se fez com toda a solenidade e imponência».

O Venerável D. António Barroso e os Jesuítas .  Às boas recordações do Pe. Francisco Pereira sobre as primeiras levas de missionários, associamos a conhecida admiração de António José de Sousa Barroso pela Companhia de Jesus. Quando jovem estudante, não recebeu formação directamente dos Padres jesuítas, que deixaram o Colégio no fim do ano lectivo de 1871, dois anos antes da sua entrada (3-11-1873). Com a saída destes, os Superiores e professores da Casa passaram a ser escolhidos entre o clero das dioceses de Portugal e das Missões do Ultramar. Porém, a actividade intensa que ali exerceram ao longo de dez anos, deixou rasto na vida da instituição, até porque o sucessor de D. João Pimentel, o Pe. António Caetano Vaz Pereira, antes era vice-reitor. Foi nomeado para exercer as funções de Superior interino, de 28 de Julho de 1872 até fins de Março de 1874. É, pois, natural que a gestão da Casa se tenha mantido nos moldes deixados pelos jesuítas. No princípio de Abril de 1874, assumiu a direcção, como Superior, o cónego da Sé Patriarcal de Lisboa, José Maria Ferrão de Carvalho Martens, mais tarde nomeado bispo de Bragança e de Portalegre. Manteve-se ali como Superior até 1884, pelo que acompanhou o jovem Barroso ao longo de toda a sua formação, que decorreu entre 1873 e 1879.

A leva de missionários de que D. António Barroso fez parte, juntamente com outros dois futuros bispos do Padroado, Henrique José Reed da Silva e Sebastião José Pereira, e diversos outros colegas seus, seguiu para a diocese de Angola e Congo, em meados de Agosto de 1880, altura em que o jesuíta Francisco Pereira já não se encontrava em Cernache. Mas foi durante a estada deste sacerdote que se iniciaram as levas regulares de missionários. O ano de 1865 ficou como referência para os chamados Padres de Cernache, porque foi a partir de então que começaram a sair regularmente para as Missões do Ultramar, ainda que alguns tivessem já seguido em anos anteriores.

Sobre a admiração que D. António Barroso sentia pelos Padres jesuítas, recordamos uma viagem que fez à Zambézia, em 12 de Junho de 1894, quando era Prelado de Moçambique, e a visita pastoral que então fez à Missão de Boroma, que tinha como Superior o Pe. João Hiller, alemão. Criada pouco antes, em 1885, era uma Missão moderna e exemplar, uma das melhores que a África conheceu. D. António demorou-se ali uns dias, até 31 de Julho, festividade de Santo Inácio, para celebrar um solene pontifical, e para conhecer em pormenor a experiência dos jesuítas, sobretudo no tocante ao funcionamento das escolas masculinas e femininas, que tanto queria ver implantadas na colónia moçambicana. Anotou então no seu diário: «Estes padres são uns trabalhadores incançáveis, e bem merecem da Egreja e de Portugal, cujo nome fazem conhecer».[29]

 Cascais, 07 de Maio de 2021       

  1. a)  Amadeu Gomes de Araújo

[1] A presença desta Ordem Militar em Portugal é anterior à nacionalidade, e fixou-se no Crato no tempo de D. Afonso IV. Por breve de Eugénio IV, de 1341, o Priorado da Ordem em Portugal passou a denominar-se Priorado do Crato, e, a partir de D. Manuel, passou este a designar-se Grão-Priorado do Crato.

[2] De início, o curso do seminário era constituído por três cadeiras: gramática latina, filosofia e teologia moral. Foi depois acrescido de retórica e teologia dogmática.

[3] «Para dotação do Seminario foram dadas as hortas e mais terrenos cultivados do parque Bom Jardim, e treze capellas». «As hortas do parque Bom Jardim foram doadas aos directores do Seminario por decreto de 14 de Junho de 1791», informa TEIXEIRA, Cândido da Silva (O Collegio das Missões em Sernache do Bom Jardim, p. 180). Com a extinção das ordens religiosas, em 1834, a propriedade das mesmas retornou para o Estado. O mesmo autor escreve que «o parque Bom Jardim foi concedido ao Collegio em 22 de Outubro de 1885, a pedido do actual superior Dr. Antonio José Boavida» (Ibid., p. 26).

[4] Ibid., p. 181.

[5] Actualmente designado Seminário das Missões, é um centro de formação da Sociedade Missionária da  Boa Nova

[6] Com efeito, em 8 de Junho de 1658, algum clero das dioceses de França dera início à Sociedade das Missões Estrangeiras, criando um Seminário no centro de Paris, para formar elementos do clero das dioceses francesas que estivessem disponíveis para trabalhar nas Missões do Oriente. Uma data marcante na história da Igreja. Até então os missionários saíam dos institutos religiosos.

Algumas décadas antes, em 1622, dera-se outro passo decisivo na história da acção missionária da Igreja: o Papa Gregório XV fundara a mencionada Congregação para a Propagação da Fé, para superintender na actividade missionária da Igreja, que até àquela data dependia sobretudo dos padroados régios de Portugal e de Espanha, com uma carga crescente de complicações políticas e de ambiguidades que esta situação acarretava. O Seminário das Missões Estrangeiras de Paris propunha-se exactamente preparar pessoal para responder a este desafio de Gregório XV.

Com estes dois acontecimentos, a criação do departamento da Cúria Romana e a fundação do Seminário das Missões de Paris, iniciou-se uma nova era na missionação católica, associando-se o carisma da missionação às igrejas diocesanas e reorientando para a figura do Papa a missionação da Igreja, resultando daqui uma redução significativa do domínio dos padroados régios.

O Seminário das Missões de Paris foi fermento que levou duzentos anos a levedar. Efectivamente, decorreram dois séculos até que desabrochasse nas dioceses da Europa e da América o carisma da missionaridade do clero não religioso. Só a partir de 1850 começaram a surgir Seminários para formar missionários à imagem do de Paris, na Itália, na Espanha, na Inglaterra, na Argélia, na Irlanda, na Suíça, em Portugal, nos Estados Unidos, no Canadá, mais tarde na América do Sul e no México e, mais recentemente, na Ásia e na África.

[7] TEIXEIRA, Cândido da Silva – O Collegio das Missões em Sernache do Bom Jardim, Lisboa: Imprensa Nacional, 1905, p. 16.

[8] Com a extinção das Ordens e Congregações religiosas e com a expulsão dos membros que estas tinham em actividade nos territórios portugueses ultramarinos, a situação degradou-se naqueles territórios, quer em termos de evangelização, quer em termos de ensino e assistência às populações. Os clérigos regulares foram chamados ao Reino. Aí por 1850, havia uma média de 5 padres por colónia, a trabalhar desorganizadamente, desprovidos de estrutura hierárquica.

[9] Português, tinha entrado na Companhia de Jesus em Itália, em 1846.

[10] Neste projecto, Inácio de Loiola contava com Francisco Xavier, Pedro Fabro, Nicolau Bobedilla, Diogo Laynez, Alfonso Salmeron e Simão Rodrigues.  As Constituições da Companhia, redigidas por Inácio de Loiola, foram aprovadas pelo Papa Júlio III, a 21 de Julho de 1550, pela Carta Apostólica Exposcit Debitum.

[11] Actualmente integra o património da Universidade Nova de Lisboa.

[12] Fundado pela Infanta D.ª Maria, filha de D. Manuel I, o Convento do Barro albergou os Frades Arrábidos, entre 1570 e 1834. Os Jesuitas permaneceram de 1860 até 1910. Actualmente está ali instalado o hospital Dr. José Maria Antunes, Júnior.

[13] Os Jesuítas foram oficialmente restaurados em Portugal, primeiro como uma missão da província espanhola (1858 – 1879), e depois como província independente (1880 – 1910). Cf. ROMEIRAS, Francisco Malta – Os Jesuítas em Portugal depois de Pombal, História Ilustrada. Cascais, Lucerna, 2018, p.XII.

[14] Preocupada em dar uma formação esmerada aos seus membros, a Ordem, em 1551, fundou na cidade de Roma o Colégio Romano – uma espécie de escola de magistério dos jesuítas, onde se formaram excelentes professores que vieram a ser responsáveis por diversos colégios da Companhia, um pouco por todo o mundo.

[15] Um ano depois, em 1591, tinha cerca de 2500 alunos, número impressionante para a época. Foi a primeira instituição de ensino gratuito em Portugal, estabelecida pela Companhia, embora mediante algumas condições. Inicialmente sediado na Mouraria, no anterior convento de Santo Antão, o Colégio passou depois para as novas instalações, onde, após a expulsão, se veio a instalar o actual Hospital de S. José.

[16] Cf. DIAS, Nuno; AMARAL, Elza; COBOS, José – Influência dos Jesuítas no ensino em Portugal. https://dialnet.unirioja.es

[17] O próprio S. Francisco Xavier, logo à chegada a Goa fundou, em 1542, uma escola para catequizar os nativos baptizados. Na mesma escola receberam formação avançada os missionários que seguiram para o Japão e para a China.

Na evangelização do Oriente, a Companhia de Jesus deu sempre grande importância à preparação científica dos seus missionários, particularmente nas áreas da matemática e da astronomia.

Para assegurar a qualidade e evitar desvios, o ensino ministrado era bastante centralizado. O programa de estudos e as normas pedagógicas a seguir por todos os colégios da Companhia estavam fixados na Ratio Studiorum.

Os estudos repartiam-se por cinco anos de formação geral nos quais eram abordadas as disciplinas de latim, retórica, gramática, grego, poesia e literatura clássica. Seguiam-se depois dois anos de filosofia e matemática, disciplinas que não eram ministradas em todos os colégios. A filosofia incluía também o que agora se conhece por física ou ciências da natureza, áreas que então integravam a chamada filosofia natural.

[18] Só a Universidade de Coimbra conseguiu manter um estatuto de independência, apesar das disputas que ocorreram entre as duas instituições ao longo dos tempos, como relata o Compêndio Histórico da Universidade de Coimbra. Cf. DIAS, Nuno; AMARAL, Elza; COBOS, José – Influência dos Jesuítas no ensino em Portugal. https://dialnet.unirioja.es, p.118.

[19] A Congregação do Oratório, hoje Confederação do Oratório, também conhecida como Oratorianos ou Ordem de S. Filipe de Néri, foi criada em Roma, em 1565, em reacção à Reforma Protestante, tal como a Companhia de Jesus, que fora fundada pouco mais de duas décadas antes, e, como ela, vocacionada também para a educação cristã da juventude, no contexto da Reforma Tridentina. Cf. SILVA, Iverson Geraldo da – O projeto anti-jesuítico: Verney, os oratorianos e a aliança com o estado portuguêshttps://periodicos.ufjf.br

[20] Cf. FIOLHAIS, Carlos Fiolhais; FRANCO, José Eduardo – Os Jesuítas em Portugal e a Ciência: Continuidades e Ruturas (Séculos XVI-XVIII). Cf. tb. ROSA, Teresa; GOMES, Patrícia – Os Estudos Menores e as Reformas Pombalinashttps://doi.org/10.25755/int.3911

[21] ARAÚJO, Amadeu Gomes de; AZEVEDO, Carlos A. Moreira – Réu da República: o Missionário António Barroso Bispo do Porto. Lisboa: Aletheia, 2009, p. 68.

[22] Natural de Oleiros, onde nasceu em 21 de Julho de 1815, frequentou o seminário, por influência de um tio-avô, Vicentino, que já havia sido ali professor. Não chegou a receber ordens e, com o fecho compulsivo do seminário, exerceu uma série de profissões na vida civil e acabou por se formar em Direito, em Coimbra. Recebeu ordens menores e secretariou o bispo de Bragança, em 1849, ordenando-se em 1850.

Foi nomeado bispo de Macau, em 9 de Maio de 1865, e confirmado em 8 de Janeiro do ano seguinte, com jurisdição restrita à cidade de Macau, mas o governo rejeitou a bula. O governo português mantinha uma disputa com a Santa Sé, a respeito daquele território, por considerar que o respectivo bispo tinha jurisdição não apenas sobre a cidade, mas também sobre os territórios adjacentes a Macau.

Ao rejeitar a bula, e a sua consequente nomeação para Macau, o governo nomeou D. João Maria, Superior do Colégio de Cernache do Bonjardim, funções que exerceu até 1872.

[23] Quando o Seminário reabriu e passou a designar-se Colégio das Missões Ultramarinas, o edifício era apenas a igreja e a casa fronteira à rua, com um total de 27 quartos para alunos. Na Primavera de 1868, D. João Maria iniciou os trabalhos de ampliação com donativos dos cofres da Bula da Cruzada e do Governo.

Das obras então realizadas resultou a configuração quadrangular do edifício, tal como hoje se mantém. Em 26 de Dezembro de 1869, consideraram-se encerrados os trabalhos de ampliação, com a colocação de uma lápide comemorativa, na fachada norte, ainda que, efectivamente as obras se tenham prolongado até 30 de Junho de 1871. A D. João Maria se deve também o plano e o ajardinamento do claustro, com uma ampla cisterna, bem como outras importantes obras no Parque.

[24] AFONSO, Castro – O Seminário das Missões de Cernache do Bonjardim 1791-1991 . Cucujães: Editorial Missões, 1991, p.19.

[25] Sem data, foram enviados pelo Pe. António Lopes ao seu amigo Dr. Tomás Machado Lima, em Outubro de 1991, acompanhados de uma nota manuscrita em folha de papel timbrado do Colégio de S. João de Brito, Lisboa, onde informava sobre a origem dos apontamentos: “No arquivo da Província encontrei um relato feito pelo Pe. Casimiro (…), servindo-se do «Diário da Casa»”.

[26] António Marques Pinheiro Melo, natural de Mação, nascido a 8 de Março de 1843, entrara no Noviciado a 13 de Setembro de 1861 e fora despedido logo em 9 de Outubro do mesmo ano.

[27] TEIXEIRA, Cândido da Silva – O Collegio das Missões, Sernache do Bom Jardim, Traços Monographicos. Lisboa: Imprensa Nacional,1905, p. 32

[28] Portugal Missionário. Couto de Cucujães: Esc. Tip. do Colégio das Missões, 1929, pp 369 – 374. Trata-se de uma publicação comemorativa da Reunião Missionária, efectuada no Colégio de Cernache do Bonjardim, em 31 de Julho e 1,2 e 3 de Agosto de 1928.

[29] ARAÚJO, Amadeu Gomes de; AZEVEDO, Carlos A. Moreira – Réu da República: o Missionário António Barroso Bispo do Porto. Lisboa: Aletheia, 2009, p. 146.

 

Neste boletim XXXII, de Janeiro/Março de 2021, são apresentados diversos testemunhos sobre D. António Barroso, destacando-se pela sua originalidade o poema de “Levi Eugénio Ribeiro Guerra, Médico, Cientista, Prof. Catedrático jubilado, Escritor e Pintor. Foi Director do Hospital de S. João do Porto e introduziu a hemodiálise nos hospitais da região norte.

 


Publicamos o 31.º Boletim de D. António Barroso, (Outubro/Novembro de 2020), onde, além de outros assuntos de interesse, destacamos três artigos:

1.º – D. ANTÓNIO BARROSO . CORRESPONDÊNCIA – As cartas que contam os dias do bispo missionário; (por Pe. Manuel Vilas Boas);

2.º – RECORDAÇÕES DE D. ANTÓNIO BARROSO – De folgazão a defensor das gentes; (Por Margarida Pogarell, professora e escritora);

3.º – CONTINUAI A TRAZER FLORES PARA D. ANTÓNIO… Onde,  Pe. Manuel Vilas Boas enaltece a figura daquele que, tendo sido missionário e bispo em três continentes, morreu com fama de santidade e se vê, agora, a trilhar os difíceis caminhos da beatificação e da canonização. E daí o seu apelo: «Continuai a trazer flores para D. António»…(por José Campinho).


Este Boletim n. 30 de D. António Barroso é muito diversificado e com temas de muito interesse, onde Manuel Vilas Boas dá um especial relevo ao Padre José Dias Vaz Napolesin, um dos muitos Padres formados em Cernache do Bonjardim e que foi “Prior” da freguesia de Goios :  

“Foi pároco de Goios, no concelho de Barcelos,um dos 320 padres de Cernache do Bonjardim,alvo de homenagem à missionação portuguesa.

Contra o habitual tratamento de ”senhor Abade”, andava na boca de todos os habitantes de Goios, o de “senhor Prior”,o nome dado ao novo pároco que vinha de fora da arquidiocese de Braga.”


A CONSTRUÇÃO DO MONUMENTO DE CERNACHE DO BONJARDIM

BREVE HISTÓRIA DA ESTÁTUA E DO MONUMENTO CONTADA PELO AUTOR DA INICIATIVA


Deus quer, o homem sonha, a obra nasce, como afirmou Fernando Pessoa, e como pudemos constatar com o monumento inaugurado recentemente em Cernache do Bonjardim. No Boletim n.º 4 (Janeiro/Março de 2012), tendo em mente a celebração do centenário da morte de D. António Barroso que se aproximava, escrevemos: «Não será esta a altura para Cernache do Bonjardim, com o apoio do Seminário das Missões, da Junta da Freguesia e da Câmara da Sertã, inaugurar uma estátua digna de D. António Barroso, em homenagem às centenas de missionários que dali partiram para o mundo?». Este era o sonho. Na caminhada longa que se seguiu, contámos com a ajuda de colaboradores preciosos. A três em particular devemos um testemunho público de gratidão. O primeiro a responder à sugestão foi o arquitecto barcelense Alberto Craveiro que se disponibilizou para avançar com o projecto e elaborar o respectivo orçamento, quando ainda não dispúnhamos de um Euro para este efeito. O orçamento apresentado era de cerca de 100.000,00 €. Também tivemos connosco, desde a primeira hora, o Padre Manuel Vilas Boas, amigo e confidente que nos aconselhou e acompanhou nas horas boas e nas horas más, porque as houve. Outro esteio fundamental para a construção do sonho foi o Padre Albino dos Anjos, Ecónomo Geral da Sociedade Missionária da Boa Nova, que aceitou a tarefa difícil de receber e agradecer as receitas que entravam, e de liquidar as despesas que íamos contraindo.

Erguido a pulso, o monumento foi inaugurado, com solenidade, com regozijo e com elevada participação de povo, como testemunham as imagens que reproduzimos neste Boletim. Foi no dia 20 de Outubro de 2019.

E as contas? Graças a ajudas e apoios diversos que solicitámos e em resultado de muita contenção, a obra orçamentada em cerca de 100.000,00€ foi concluída por 83.334,12€. E está paga na totalidade.

Por isso, é hora de dizer obrigado aos muitos amigos e admiradores da Actividade Missionária, que estiveram connosco. Na fase inicial, ouvimos o conselho amigo do Senhor D. Manuel Linda, Bispo do Porto, de D. Francisco Senra, então Bispo Auxiliar de Braga, de D. Manuel Clemente, Cardeal Patriarca de Lisboa, de D. Antonino Dias, Bispo de Portalegre – Castelo Branco, e do Padre Adelino Ascenso, Superior Geral da Sociedade Missionária da Boa Nova. Obrigado a todos. Para a concretização da obra, contámos com a ajuda generosa da Conferência Episcopal Portuguesa e da Confederação dos Institutos Religiosos de Portugal.

Obrigado Senhor D. Manuel Clemente, obrigado Padre Manuel Barbosa, obrigado Padre José Vieira. Recebemos apoios significativos de diversas entidades públicas e privadas, civis e eclesiásticas, sobretudo da área do Porto e de Barcelos, e de inúmeros cidadãos, de familiares e de amigos, muitos deles ex-alunos dos Seminários da Sociedade Missionária da Boa Nova. De todos e de tudo guardamos registo. Obrigado ainda ao Reitor do Seminário das Missões, Padre Amadeu Pinto Oliveira, ao Presidente da Câmara da Sertã, Sr. José Farinha Nunes, à Presidente da Junta de Freguesia de Cernache, Sr.ª D. Filomena Bernardo e ao Padre Manuel Castro Afonso, nosso ex-professor, que sempre nos apoiou.

Bem hajam!

Amadeu Gomes de Araújo

(Vice-Postulador)

IN MEMORIAM

FALECEU O PROF. DOUTOR ANTÓNIO DA SILVA

COSTA, ACADÉMICO DISTINTO E DEVOTO

CONFESSO DE D. ANTÓNIO BARROSO

António da Silva Costa, natural da freguesia de Remelhe/Barcelos, onde nasceu em 14 de Julho de 1937, faleceu na Bélgica, onde residia, na madrugada do passado dia 14 de Abril de 2020. Era professor catedrático jubilado da Universidade do Porto, onde leccionou ao longo de décadas na área da Sociologia e Antropologia do Desporto. Foi fundamental a sua acção no crescimento e desenvolvimento da Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física, tendo sido mesmo o primeiro Professor Catedrático nesta área, e o primeiro Presidente do Conselho Pedagógico.

Estudou e foi professor nos Seminários da Sociedade  Missionária da Boa Nova, nomeadamente no Seminário das Missões de Cernache do Bonjardim, onde D. António Barroso se formou. Também era licenciado em Teologia Pastoral pela Universidade Católica de Lovaina (1977), e profundo conhecedor de assuntos religiosos diversos.

Acompanhava com muito interesse a Causa da Canonização do Venerável D. António Barroso. Em 28 de Maio de 2005, proferiu no Auditório da Câmara Municipal de Barcelos, uma brilhante conferência sobre «D. António Barroso. O Homem, O Pastor, O Santo», publicada em livro.

Tem dezenas de trabalhos editados em Portugal e no estrangeiro. Estimado e admirado por quantos o conheciam, era, de facto, um homem bom, digno e justo. E um homem de fé profunda. Adeus, António! Que o Senhor da Vida te acolha. Descansa em paz.

a) Amadeu Araújo

Memória em Bronze

Acaba de ser publicado o Boletim n.º 28 de D. António Barroso, que é dedicado à Homenagem à  Missionação Portuguesa e ao Venerável D. António Barroso. Como já foi noticiado, este evento teve lugar no Seminário das Missões de Cernache do Bonjardim em 20 de Outubro de 2019.

Conta com uma boa reportagem do Padre Manuel Vilas Boas, acompanhada de muitas fotografias, testemunhando a presença de centenas de pessoas vindas das localidades vizinhas e de Remelhe, terra Natal de D. António Barroso. Presentes estiveram também 29 bispos representando instituições religiosas, bem como autoridades locais. 


A trasladação que Roma recomendou

A arquidiocese de Braga fez cumprir a vontade da Santa Sé, ao proceder, neste domingo, 17 de novembro de 2019, à trasladação dos restos mortais de D. António Barroso, missionário no antigo ultramar português e bispo na diocese do Porto.

A cerimónia foi presidida pelo arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, e pelo bispo do Porto, D. Manuel Linda. Estes prelados integraram um cortejo com familiares do falecido bispo missionário que saiu, pelas 4 horas, do

cemitério da freguesia de Remelhe, no concelho de Barcelos.  Nele será transportada a urna com os restos mortais de D. António Barroso que, durante 92 anos, esteve depositada na capela jazigo, junto à entrada do cemitério da freguesia.

A urna será colocada agora no interior da igreja paroquial de Santa Marinha de Remelhe, num espaço especialmente preparado pelo arquiteto António Veiga Araújo, a fim de receber a visita dos devotos e admiradores do bispo missionário. É assim clarificada uma situação de potencial polémica, uma vez que o missionário de Remelhe enveredou pelos caminhos da Causa de Canonização, já aceite pelo Vaticano.

Outras trasladações se verificaram após a morte de D. António Barroso, ocorrida a 31 de agosto de 1918.

Por vontade expressa, deixada em testamento, o bispo do Porto decidiu regressar à sua terra natal. A urna foi transportada, em 4 de setembro, por caminho de ferro, para Barcelos. Velada na igreja matriz seguiu, no dia seguinte, numa carreta funerária puxada por cavalos, para o cemitério de Remelhe.

Em 1927, faz-se nova trasladação. Do modesto sarcófago da família, a urna de D. António Barroso é transferida para uma capela jazigo, da responsabilidade do arquiteto Marques da Silva e erguida, por subscrição pública do jornal O Comércio do Porto, dirigido por Bento Carqueja.

D. António Barroso foi missionário em Angola e no antigo reino Congo. Foi também bispo em Moçambique e Meliapor, na Índia, e na diocese do Porto, onde sofreu dois exílios durante a Primeira República.

 

Missionário cientista e missiólogo, no séc. XIX, D. António Barroso deixou linhas de orientação para a intervenção da Igreja Católica, nos territórios do Padroado português e no xadrez do mapa cor-de-rosa, no continente africano.

a) Manuel Vilas Boas, jornalista da TSF

Mais Fotografias

D. António Barroso

20 de Outubro de 2019

Cernache do Bonjardim

Estátua de D. António Barroso

Inauguração do monumento Missionação Portuguesa

No dia 20 de outubro, em Cernache do Bonjardim, concelho da Sertã, em frente ao que nasceu como Real Colégio das Missões Ultramarinas, hoje vulgarmente conhecido como o Seminário das Missões, foi inaugurada uma estátua, em bronze, dedicada à missionação portuguesa.

A cerimónia contou com a presença da Conferência Episcopal  Portuguesa, do superior geral da  Sociedade Missionária da Boa Nova, padre Adelino Ascenso, do antigo ministro Guilherme de Oliveira Martins, que foi o orador da sessão, dos presidentes da Câmara da Sertã e da Junta da freguesia de Cernache do Bonjardim e de muitos populares, entre os quais se fez notar a expressiva delegação das gentes da freguesia de Remelhe, Barcelos, onde, em 5 de novembro de 1854, nasceu D. António Barroso.

Ler+

Honenagem à Missionação Portuguesa

e ao

Venerável D. António Barroso

Com este título e sobre este evento foi publicado um livro da autoria do Prof. Doutor Amadeu Gomes de Araújo, com data de 20 de Outubro de 2020, cuja capa aqui publicitamos, que fica como um marco histórico e para memória futura. 

Narra os principais momentos das Origens do Padroado Português, passando pelos muitos missionários que ali se formaram, incluindo D. António Barroso, até aos nossos dias. Tal como disse o senhor Padre Superior Geral, Adelino Ascenso da Sociedade Missionária da Boa Nova:

“A Sociedade Missionária da Boa Nova acolhe e saúda Todos os que nos visitam nesta data memorável.

Juntos vamos recordar quantos nos precederam nos Caminhos da Missão”.


Acaba de sair o Boletim XXVII do Venerável D. António Barroso. Dado o intereese que nos toca directamente, damos conta do que nos diz a prepósito na sua primeira página, o nosso Colega e Amigo, Amadeu Gomes Araújo:

“Como bem recordamos, no ano passado ocorreu o centenário da morte de D. António Barroso, declarado Venerável por Decreto de 16 de Maio de 2017. Neste contexto, a Postulação da Causa da Canonização de D. António Barroso e a Associação dos Amigos de D. António Barroso entenderam aproveitar a efeméride para prestar pública homenagem ao insigne bispo missionário e para celebrar a memória de todos os missionários formados, como ele, no Colégio das Missões Ultramarinas, localizado em Cernache do Bonjardim, concelho da Sertã. Como já informámos nos números anteriores deste Boletim, a homenagem constará de um monumento a erguerem frente ao referido Colégio, que também foi conhecido como Real Colégio das Missões, e incluirá, além de uma estátua do homenageado, um elenco dos nomes dos 320 missionários que foram ali formados e que prestaram serviço nas Missões do Padroado Português. Alguns deles por lá morreram e lá jazem. Heróis anónimos. Como forma de celebrar a sua dedicação à causa missionária, todos terão os seus nomes gravados em bronze sobre mármore. (Ver www.domantoniobarroso.pt ).A Conferência Episcopal Portuguesa apoiou a iniciativa desde a primeira hora e estará na inauguração que ocorrerá pelas 16:30 do dia 20 de Outubro p.f., data do encerramento do Ano Missionário, e Dia Mundial das Missões. Com D. Manuel Clemente, que presidirá, estarão presentes todos os bispos portugueses e alguns dos mais altos representantes da nação. Assim esperamos. Iniciámos os trabalhos de construção, orçamentados em cerca de €100.000 (cem mil Euros), mas, apesar de termos recebido ajudas significativas da Conferência Episcopal Portuguesa e da Confederação dos Institutos Religiosos de Portugal, não dispomos ainda de meios que nos permitam concluir o projecto. E assim tomamos a liberdade de recorrer à generosidade de todos os amigos, admiradores ou devotos deD. António Barroso e a todos os que, nos anos da sua juventude frequentaram aquele benemérito Seminário das Missões, solicitando-lhes algum apoio financeiro. Para a recolha das ajudas que temos recebido de algumas entidades públicas e privadas, solicitámos à Sociedade Missionária da Boa Nova a abertura de uma conta, junto da Caixa Geral de Depósitos, e que tem as seguintes referências:

Titular: MISSIONARIOS CERNACHEB JARDIM

Conta: PT50003503260000656883019

A Sociedade Missionária da Boa Nova enviará recibo para efeitos fiscais a quantos enviem donativos. Obrigado. Amadeu Gomes de Araújo (Vice-Postulador)”.


Boletins

Para todos os Amigos de D. António Barroso e com a devida autorização do Dr. Amadeu Gomes Araújo, Vice-Postulador para a causa de Beatificação deste “Grande Bispo Missionário”, foi criado este cantinho de visitas, onde poderão consultar o que dele se diz e ao mesmo tempo rever o passado.

Link ao Site   –  Domantoniobarroso.pt

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Amigos de D. António

7 de Novembro de 2015

Pelas 15.00 horas de 7 de Novembro de 2015 realizou-se, no auditório da Biblioteca Municipal de Barcelos, uma homenagem a D. António Barroso, comemorando o seu 161.º aniversário de nascimento, sendo presidida pelo Senhor Bispo do Porto, D. António Francisco. O  Orador foi o Armista, Prof. Doutor Manuel da Silva Costa, Catedrático Jubilado da Universidade do Minho, que abordou o tema “D. António Barroso e a Questão Social na Diocese do Porto de 1900 a 1918.

A abrilhantar este evento o Conservatório de Música de Barcelos apresentou alguns temas musicais.


8 de Novembro de 2014

Realizou-se no dia 8 de Novembro, para recordar o 160.º aniversário do seu nascimento, uma homenagem a D. António Barroso, que foi insigne Bispo do Porto. Missionário em três continentes, foi também uma figura emblemática da Igreja portuguesa nos anos difíceis da Primeira República.

A sessão que decorreu no auditório da Biblioteca Municipal de Barcelos (Largo José Novais, 47 a 58), presidida pelo Senhor D. Abílio Ribas, que foi Missionário em Angola e Bispo de S. Tomé e Príncipe, e foi orador o distinto Prof. Doutor João Marques, da Universidade do Porto, que dissertou sobre «A política colonial e a evangelização da África Portuguesa nos finais do séc. XIX: D. António Barroso e o Comissário António Enes».

Esteve também presente, abrilhantando a sessão, o prestigiado Coro de Câmara de Barcelos. A cerimónia encerrou pelas 17.30 horas, com deposição de flores, por familiares de D. António Barroso, junto à estátua, na Praça do Município. 


9 de Novembro de 2013

Em Barcelos os Amigos de D. António Barroso prestaram-lhe homenagem por ocasião do 159.º Aniversário do seu nascimento.


1 de Setembro de 2013

Os Amigos de D. António Barroso levaram a cabo diversas iniciativas sobre D. António Barroso, referentes às quais o armista José Campinho fez uma excelente reportagem, como podem ver:

Amigos de D. António em acção

Por J. Campinho

Com a presença de D. Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas e da Segurança, o Grupo dos Amigos de D. António Barroso promoveu, no passado dia 10 de Novembro, em Barcelos, mais uma sessão de homenagem a D. António Barroso, a pretexto do 158.º aniversário do seu nascimento.Sob a coordenação de Manuel Vilas Boas, jornalista da TSF, no auditório da Câmara Municipal, entidade que, desde 2004, tem dado apoio e colaboração ao Grupo de Amigos de D. António Barroso, o P.e António Júlio Limpo Trigueiros, sj, viajou pelos cinco séculos da história de Remelhe, que resultou da união das duas paróquias de Santa Marinha de Remelhe e de Santiago de Moldes, para traçar o perfil biográfico dos vinte e oito membros do clero aí nascidos, identificando os locais onde nasceram e viveram e ligando-os às respectivas famílias de origem.

Entre as figuras religiosas naturais de Remelhe está Frei Francisco de Santiago, sobre o qual também dissertou Frei António de SousaAraújo, ofm, esclarecendo aspectos importantes da vida e obra deste remelhense que foi cronista e mestre de franciscanos.O Coro Gregoriano do Porto, que iniciou a sua actuação entoando o hino de Vésperas do dia de Pentecostes – Veni, creator Spiritus, encerrou o primeiro momento desta sessão de homenagem ao mais ilustre dos eclesiásticos e religiosos nascidos em Remelhe, D. António Barroso, que fez «esta paróquia entrar na história nacional».

A apresentação do livro «D. António Barroso, Memórias de um Bispo Missionário», que, editado pela Fundação Portucalense, reúne uma série de estudos feitos por vários autores sobre o insigne

bispo missionário e que neste mesmo local foram sendo expostos desde 2007 até ao presente, coube à Dr.ª Armandina Saleiro, vereadora da Câmara Municipal de Barcelos, que, a propósito, relevou o perfil do bispo que deve ser um exemplo de perseverança, sobretudo nos dias de hoje, em que é preciso transformar as adversidades em oportunidades, disse. A intervenção final pertenceu a D. Januário Torgal Ferreira. O Bispo das Forças Armadas, evocando o espírito solidário e humanista e D. António Barroso, «que tocou temas que ainda hoje estão em discussão», disparou em todas direcções. Classificou a situação do país como uma «tragédia» que evoca os tempos conturbados da 1.ª República, por quem ele foi perseguido e por isso perguntou «se não estaremos a voltar às estruturas de interrogação e de angústia do início do último século».  Lembrando que «Somos todos filhos de Nossa Senhora, mas em Portugal há filhos que são tratados como filhos de segunda», afirmou que «se a Igreja, à semelhança de D. António Barroso, não for o porta-voz dos pobres e dos humildes, então deixem o monopólio para outros sectores»; E recordou que D. António Barroso, se foi perseguido e julgado pelo regime republicano, só o foi porque, enquanto «homem da Igreja», teve grandes preocupações sociais, com uma «sensibilidade ao mundo do trabalho que hoje falta em Portugal», e porque, «já na sua circunstância», foi político. De facto, «o ter sido político foi o seu grande problema». «Quando defendeu a política no sentido nobilíssimo do termo: da liberdade, da honra, da nobreza, dos valores, da cidadania, da saúde, do justo salário, da legalidade social»…

Esta sessão de homenagem terminou com a deposição de uma coroa de flores junto da estátua de D. António erigida na Praça do Município e o juiz jubilado, Dr. Manuel Monteiro, a falar do modo como o bispo missionário viveu a pobreza – a dele e a dos outros.

Sobre esta vejam a reportagem fotográfica publicada por  José Campinho no Youtube.

FAZ-SE HISTÓRIA

Desde 2004 – ano em que celebrámos os 150 do nascimento de D. António Barroso – temos vindo a promover encontros anuais sobre a vida e a obra do insigne bispo missionário. Têm-se realizado no auditório da Câmara Municipal de Barcelos, entidade que tem dado apoio e colaboração ao Grupo dos Amigos de D. António Barroso.

Para oradores têm sido convidados figuras várias ligadas ao ensino superior e não só. Em 2007 publicámos um pequeno volume, com as conferências feitas entre 2004 e 2007, e estamos agora a preparar o 2º volume, com as conferências desde 2007 até ao presente. O livro a editar pela Fundação Voz Portucalense, conta com uma introdução de D. Manuel Clemente e contém textos de: D. Augusto César, Padre Manuel Castro Afonso, Padre Manuel Vilas Boas, Padre António Júlio Limpo Trigueiros, Joaquim Candeias da Silva, José Campinho, Isidro Gomes de Araújo, Miguel Nunes Ramalho, Amadeu Gomes de Araújo e Padre Adílio Barbosa Macedo. Será apresentado pela Dr.ª. Armandina Saleiro, vereadora para a Educação e Cultura, da Câmara Municipal de Barcelos.

a) A.G. A.

D. ANTÓNIO BARROSO E O SANTUÁRIO DA FRANQUEIRA

D. António Barroso, nascido no ano da proclamação do dogma da Imaculada Conceição, foi sempre muito devoto de N.ª Senhora, a quem, desde criança se acostumou a orar, sob a designação de N.ª Sr.ª da Boa Ventura ou da Boa Fortuna, cuja imagem se venera na capela de São Tiago, ao lado da casa onde nasceu, e «a cujo altar, amiúde, sendo menino, levava as mais louçãs flores do horto familiar», como recorda A.  Cunha, seu biógrafo.

A devoção mariana ocupou sempre lugar de relevo na espiritualidade do bispo missionário, e o seu nome anda associado às peregrinações à Senhora da Franqueira, cuja ermida, junto ao Castelo de Faria, próximo de Barcelos, foi mandada construir, de acordo com a tradição, por D. Egas Moniz, em cumprimento de um voto.

Em 27 de Setembro de 1908, o Círculo Católico de Operários de Barcelos lançou o movimento das Peregrinações anuais ao Santuário da Franqueira. A primeira grande peregrinação foi presidida pelo«bispo santo», D. António Barroso, que passou a ser um peregrino assíduo. Mais tarde, quando não dispunha já de força física para aguentar a caminhada, chegou a fazer a peregrinação anual num carro de bois, refere o Diário do Minho de 22.04.2005. 

Para assinalar esta sua devoção mariana, o I Congresso Missionário Português encerrou, em 06.09.1931, com uma peregrinação à Senhora da Franqueira.

a) Amadeu G. Araújo


2012 - Barcelos / Remelhe

Foi no dia 14 de Julho de 2012 que os Amigos de D. António Barroso se juntaram, desta vez, em Remelhe, sua terra natal, para o homenagearem.

Deste evento fica a Reportagem de José Campinho.

2011 - Barcelos

No passado dia 5 de Novembro de 2011, realizou-se no Anfiteatro da Câmara Municipal de Barcelos , mais um encontro-homenagem a D. António Barroso.

O orador convidado deste ano foi o Armista Miguel Ramalho, historiador e investigador, que dissertou sobre a vida e obra deste grande Missionário.

 



Alguns instantâneos:

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